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Relembrando a partida de futebol de "Se Minha Cama Voasse"

Por Celbi Pegoraro (01/07/2006)

"Se Minha Cama Voasse", filme produzido pelos estúdios Disney em 1971, é provavelmente um dos filmes mais injustiçados. A história de produção é interessante. Walt Disney queria muito comprar os direitos de "Mary Poppins" para o cinema, mas esbarrava em obstáculos por causa da autora P.L. Travers. Ao mesmo tempo, querendo muito produzir um filme que usasse magia, Disney autorizou a compra da obra "Bedknobs and Broomsticks". OK, "Mary Poppins" foi comprado e virou um clássico após seu lançamento em 1964. "Bedknobs" só chegaria anos após a morte de Walt, se transformando numa espécie de primo distante do clássico com Julie Andrews.

A história do filme trata de uma senhora aprendiz de bruxa chamada Eglantine Price (interpretada de forma brilhante por Angela Lansbury) que vive sozinha numa cidade no interior da Inglaterra. Ela recebe, relutante, três órfãos para tomar conta durante a Segunda Guerra Mundial. Mais adiante, ela recebe uma carta do professor Emelius Browne (David Tomlinson). Ele decide encerrar o curso de bruxaria por correspondência faltando a última lição, e é justamente essa que Eglantine deseja conhecer desesperadamente. Com a ajuda das crianças, ela viaja (através de mágica) numa cama a procura do professor Browne, até descobrir que ele é uma completa fraude. O farsante explica que encerrou o curso porque simplesmente não tinha o último encanto, pois foi arrancado do antigo livro que ele possui. A partir daí, todos iniciam uma busca pelo documento (ou o livro, chamado "Os Feitiços de Astoroth). Adiante, o filme prossegue por várias situações inusitadas até o final.

O tal feitiço pode fazer objetos se mexerem e poderá ser útil no esforço de guerra. Tal feito fez o filme ganhar um Oscar pelos efeitos visuais na época. Os irmãos Sherman, compositores das músicas de "Mary Poppins", se reuniram novamente para criar este novo musical. O filme vale um Por trás da Mágica, mas o que interessa aqui é talvez a melhor sequência. Assim como "Mary Poppins", "Se minha cama voasse" também possui cenas animadas. Como vimos antes, Eglantine, o professor Browne e as crianças procuram o último feitiço. As tais palavras mágicas encontram-se cravadas numa estrela que o feiticeiro usava preso a uma fita no pescoço. Diz a lenda que Astoroth fez experiências mágicas com os animais da ilha de Naboombu. Os animais se revoltaram, atacaram Astoroth e lhe roubaram a estrela. Nada mais mágico do que fazer a ilha e os animais em animação. E assim foi feito.

O primeiro encontro de Eglantine e sua turma é no fundo do lago de Naboombu. Lá eles encontram os animais mais civilizados do local: peixes e outras criaturas marinhas. Um número musical é apresentado e Eglantine acaba ganhando um prêmio por sua dança com o professor Browne. Infelizmente a tranquilidade acaba quando um sinistro anzol desce e se prende justamente na cama onde as crianças se encontram. É desse modo que todos chegam a parte terrestre da ilha e conhecem o urso que os pescaram. Há uma lei que manda todos os seres humanos a serem jogados de volta ao mar, mas o urso é logo convencido que eles têm direito a conhecer o rei.

O rei é um leão ranzinza que o professor Browne só consegue amansar após aceitar atuar como árbitro voluntário de uma partida de futebol entre os animais da ilha. Infelizmente a coisa não é tão simples. O time do rei, que SEMPRE vence, é formada pelos mais terríveis animais da ilha. O time oponente sofre de certas limitações técnicas. De qualquer modo, a partida é tão desleal que ambos os lados trapaceiam e sobra sempre para o árbitro que sistematicamente é atropelado pelos jogadores. E para garantir a continuação do jogo, o rei sempre dispensa os dois abutres que após os incidentes entram no campo com uma maca.

Esta sequência animada foi dirigida por ninguém menos que Ward Kimball, um dos mestres da animação Disney. Ward supervisionou o design e a animação dos personagens, assim como as filmagens. Como em qualquer filme dessa época, a interação entre humanos e desenhos animados era complicada. Era necessário primeiro usar modelos reais dos desenhos (acompanhe nas fotos) para as câmeras captarem a imagem da melhor forma possível.

Em seguida, os animadores produziam a animação e encaixavam tudo com as cenas filmadas do ator. O resultado final é uma cena que, para os padrões da época, encantou todo o público. Além disso, o fato dos personagens serem britânicos torna a situação toda mais engraçada. E mesmo os norte-americanos não sendo tão habituados com futebol (que não seja o americano), a Disney produziu uma grande cena de futebol em animação, que só seria retratada tão bem novamente anos depois com a produção de um curta nos anos 80.

Fica a dica para quem puder conferir o filme.

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