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A Família do Futuro (Meet the Robinsons) - Prévia Especial

Por Celbi Pegoraro

A Disney promoveu na manhã desta terça (27/03) em São Paulo, a exibição única para a imprensa do mais novo longa de animação Disney, "A Família do Futuro" (Meet the Robinsons). Não foi uma exibição convencional porque incluiu convidados muito especiais. Pelo que entendi a Disney convidou um grupo considerável de crianças pequenas para conferir o novo filme. A princípio seria uma razão para se preocupar. A imprensa normalmente já pega pesado quando se trata de Disney, especialmente devido aos últimos filmes. E promover uma exibição dessas juntando imprensa e crianças tinha tudo para dar errado. Já pensaram crianças saindo, gritando, fazendo bagunça durante o filme? Isso já aconteceu no passado lá nos States quando "A Bela e a Fera" foi exibido para crianças e executivos. Michael Eisner, então presidente da Disney, ficou muito preocupado ao ver as crianças não tão focadas no filme, mas no fim deu tudo certo.

O importante a ressaltar é: as crianças assistiram "A Família do Futuro" num silêncio impressionante. Deu a sensação que pelo menos elas não se entediaram com o filme. A exibição foi feita na sala especial em 3D Digital do Shopping Eldorado. Na estréia, os cariocas também poderão conferir o filme em 3D no NorteShopping. Logo na entrada, recebemos os óculos de Real D, tecnologia avançada que parece ter sepultado os infames óculos "celofane" (azul e vermelho, quem lembra?). O último filme que vi em 3D no Brasil foi aquele filme bizarro da morte do Freddy Krueger há uns 10 anos (e apenas alguns minutos eram em 3D). Para animar o pessoal, vales com direito a pipoca e refrigerante grátis.

A sala ficou escura e a grande tela revela o robô da família Robinson dando instruções gerais sobre o 3D. Logo em seguida a enorme vinheta da Walt Disney Pictures aparece, e é bem legal em 3D preciso adicionar. Para surpresa de muitos na sala, começa o curta animado clássico "Working for Peanuts". O curta foi lançado em 1953, e é estrelado pelo Pato Donald, Tico e Teco e a elefante Dolores. Donald é o responsável por cuidar da elefante mas, claro, os esquilos Tico e Teco farão de tudo para atrapalhar a vida do pato explosivo da Disney. O curta já foi lançado na época em 3-D, e ganhou exibições especiais em diversas amostras e eventos especiais. Tive a oportunidade de conferir esse curta quando visitei o Walt Disney World na Flórida em 1989. Era exibido como prévia da atração "Magic Journeys", um curioso filme em 3-D que tratava de sonhos e tinha música dos irmãos Sherman. A reação foi positiva porém não tão entusiasmada, até porque o humor desse curta não é dos mais brilhantes.

A segunda surpresa é a novíssima vinheta do selo "Walt Disney Animation Studios". Vemos uma cena do curta "Steamboat Willie" sendo flipada na tela (as páginas da animação se movendo) até aparecer o nome da produtora. Foi uma forma de separar melhor Disney e Pixar. Logo em seguinda o filme começa. Já adianto que não irei contar muitos detalhes da história porque isso estragaria completamente a surpresa, mas dá para falar do começo.  A primeira cena do filme mostra o quanto a animação computadorizada da Disney evoluiu de "O Galinho Chicken Little" para cá. Vemos uma cena escura e chuvosa onde uma mãe vai em direção ao orfanato para deixar seu bebê Lewis (o garoto loiro das imagens). Ele é um pequeno gênio das invenções, e tem problemas para conseguir pais adotivos. Seu companheiro de quarto é o hilário "Goob" (seu nome mesmo é Michael Yagoobian), que precisa suportar as maluquices de Lewis. O jovem inventor trabalha numa invenção que poderá vir a fazê-lo se lembrar da sua mãe verdadeira - o scanner de memória, que ele apresentará numa feira de ciências da escola. Só que ele não contava com a chegada de um estranho visitante do futuro - o garoto Wilbur Robinson e o obscuro Homem do Chapéu Côco. O filme é baseado no livro infantil "A Day with Wilbur Robinsons" de William Joyce.

A Disney está de volta

O que contei até aqui na verdade já era possível decifrar pelos trailer e pelo que comentam na internet. Mas o que não se esperava é que as mudanças e sugestões de John Lasseter fossem trazer tão boas melhorias ao filme. Em primeiro lugar, algumas situações do trailer aparecem alteradas no filme. Wilbur não aparece no telhado com raios em volta de seu corpo. Algumas cenas também foram cortadas. Outro detalhe é o que chamo de síndrome do "porco espinho" de "O Galinho de Chicken Little". Lembram que ele aparecia demais nos trailers e pôsteres mas no filme em si aparecia quase nada? Pois é, em "A Família do Futuro" aquele dinossauro T-Rex de braços curtos e cabeça grande aparece muito pouco. Os sapos então aparecem apenas um pouco mais. Aliás, acreditava durante o filme que explorariam os sapos como "Madagascar" (da DreamWorks) aproveitou os pingüins em muitas cenas cômicas.

A música "There´s a Great Big Beautiful Tomorrow", música favorita de Walt Disney,  sumiu da cena onde deveria estar, sendo substituída por uma grandiosa trilha do compositor Danny Elfman, cujo trabalho lembra muito sua criação para "A Fantástica Fábrica de Chocolate". Se a trilha é boa, as canções não são tão memoráveis. Talvez soem muito sentimentais para alguns, mas elas cumprem seu papel. E filme sem laços sentimentais e lições de moral não é filme Disney.

A animação é um capítulo a parte. Tecnicamente é mais complexo que "O Galinho Chicken Little" e o design dos humanos lembra muito os personagens de "Os Incríveis". Há muito mais movimentos de cenário (efeito da "câmera" se movendo) do que em "Chicken" (que tinha apenas algumas cenas isoladas). A animação dos personagens está ótima  - acho que o Steve Jobs sacou que era a hora certa de vender a Pixar... a Disney está chegando perto nessa área. Por incrível que pareça Lewis não é o mais chamativo dos personagens. O Homem do Chapéu Côco e o futurista Wilbur Robinson têm uma fluidez incrível nos movimentos, além da ótima atuação. E nem vou citar a excêntrica família Robinson do futuro. Mas a Disney treinou bem seus veteranos - nos créditos pude ler Ruben Aquino, Nik Ranieri, Dale Baer e Randy Haycock.

Surpresas e mais surpresas

Deu para notar um dedo de Pixar no filme. Começando pelo fim.... nos créditos inseriram os "Production Babies" (filhos de animadores e técnicos que nasceram durante a produção). O Homem do Chapéu Côco realmente ganhou contornos mais malvados principalmente próximo ao terceiro ato. Mas não se engane. O filme tem muitas surpresas. A Disney é notoriamente conhecida por ter desfechos muito previsíveis. Pode apostar que esse filme é CHEIO de reviravoltas, até quase o último instante. Até os jornalistas presentes pareceram surpresos com algumas revelações. Quando você acha que tal detalhe se encaixa com Lewis, na verdade pode ser outra coisa. Mas as surpresas deixo para quem for conferir o filme nos cinemas.

A dublagem é excelente. Fiquei sabendo que o trabalho não foi supervisionado por Garcia Jr. e sim pelo Guilherme Briggs e Manolo Rey. Foi uma bela adaptação. Os nomes não foram abrasileirados - continuam sendo Lewis, Mildred, Goob e por aí vai. Mas é claro que não podia faltar elementos brasileiros como quando o vilão chama a invenção de Lewis de "parangolé".

O filme também deixa claro que é o início de uma nova era no estúdio. O lema "Siga em Frente" é citado em boa parte do filme. Isso não seria nada demais se não fosse uma frase do próprio Walt Disney. E para deixar ainda mais claro as intenções de retomar a tradição, o filme termina com uma citação escrita na tela novamente reforçando o "Siga em Frente": “There’s really no secret about our approach. We keep moving forward—opening up new doors and doing new things—because we’re curious. And curiosity keeps leading us down new paths." Certamente é um sinal de que a Disney que tanto gostamos está voltando com tudo. Crianças e jornalistas aplaudiram no final bem no momento em que apareceu o nome Walt Disney após a citação. Um bom sinal. "A Família do Futuro" no geral não é um filme perfeito. Talvez pudesse ser melhorado se a equipe Pixar chegasse mais cedo na casa do Mickey. Mas só por ser divertido, não ter uma história conhecida pelos brasileiros, e ser cheio de referências engraçadas, surpresas e reviravoltas, já vale o ingresso. A dica é: tente conferir esse filme nas salas come exibição 3D. A diversão é muito maior. E você ainda leva os óculos bacanas para casa.

Com os primeiros resultados de bilheteria nos EUA e com a estréia no Brasil, esta coluna será atualizada com mais informações sobre o filme. Fique ligado!

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