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Uma revista com a magia de Disney - Parte II

Por Celbi Pegoraro

Continuação da Parte I.

Sempre fui fã da Disney Magazine, mesmo com os tropeços das edições finais pós ano 2000. E assim como muitos fãs, foi com tristeza que recebi a notícia do cancelamento da revista. Mas a Disney estava certa num ponto. Nos EUA, a proliferação de sites criados por fãs realmente canibalizou a revista. Algumas revistas especializadas também foram lançadas, ganhando parte dos leitores da extinta revista - caso da Tales from the LaughingPlace, trimestral com 52 páginas. Infelizmente, a mesma sorte não tiveram os leitores fora dos EUA que ficaram sem essa opção, restando apenas a internet para consulta.

Em agosto de 2006 tive a oportunidade de colocar em prática o sonho de tentar recriar uma versão brasileira da revista. Eu já estava no início da pesquisa para meu livro-reportagem sobre Disney, e a agora a faculdade oferecia uma oportunidade interessante através de uma disciplina chamada "Edição de Jornalismo Empresarial", em geral, não muito querida pelos alunos. Nada como unir o útil ao agradável nesses casos, não?

O principal trabalho era a produção de um veículo laboratorial (jornal ou revista) customizado para uma determinada empresa. Uma revista customizada objetiva cativar o leitor a partir da oferta de conteúdos informativos e de entretenimento, sem apelar para a divulgação da marca da empresa. A idéia não é fazer um catálogo. Este é um dos segmentos que mais cresce no Brasil com exemplos bem interessantes - as revistas das companhias aéreas Tam e Gol, da Mitsubishi, e a "V" da Volkswagen (talvez a mais criativa).

O meu grupo era formado pelos amigos Guilherme Nobre, Maricy Ribeiro e por mim, e logo cada um sugeriu uma empresa. Pouco menos de um mês depois, fomos cobrir a 1ª Expo Disney em São Paulo, até para conhecer os principais clientes da Disney no Brasil. Foi nesse momento que batemos o martelo que a empresa seria a Disney. A minha idéia era tentar recriar a "Disney Magazine", mas com elementos de jornalismo empresarial. A nova revista experimental se chamaria "Mundo Disney".

Não foi tarefa fácil. O que nos foi pedido era uma revista com no mínimo 8 páginas, mas era praticamente inviável criar uma revista como eu pensava nesse tamanho. Então foi decidido pelo grupo que teria 16 páginas (como na original de 1965), mas pouco tempo depois foi ampliada para 24 páginas. A revista em si começou a ser produzida apenas em outubro de 2006 e me tomou muito tempo de pesquisa (isso explica meu sumiço do Animagic naquele período).

A assessoria da Disney no Brasil não tinha todas as imagens necessárias. Me enviaram as da Expo e consegui algumas mais. O restante foi preciso garimpar via assessorias da Disney em Burbank, Paris e Hong Kong. Mais complicada foi a matéria sobre os 70 anos de animação Disney - as imagens que ilustram a matéria foram retiradas dos DVDs dos filmes, especialmente formatadas para a revista.

O conteúdo precisava ser tão chamativo e interessante quanto as antigas revistas dos anos 80 e 90 eram fascinantes. Então nada melhor que apostar no básico  - as novidades e o legado histórico de Walt Disney. Dessa forma a capa foi a parte mais fácil - a estrela do filme "Piratas do Caribe: O Baú da Morte", Johnny Depp como capitão Jack Sparrow. E lógico, além de falar sobre o sucesso do filme, a revista trata das origens da atração na Disneylâdia.

A "Mundo Disney" traz também uma olhada na exposição de arte Disney em Paris, as exibições no Festival Animamundi, uma matéria sobre o projeto "Destino" de Disney e Salvador Dalí, tudo sobre "O Melhor da Disney - As Obras Completas de Carl Barks" e, claro, um especial sobre a montanha-russa "Expedition Everest" do Animal Kingdom e o quê os imagineers preparam de novidades para os parques, incluindo o primeiro aniversário da Disneylândia de Hong Kong.

Algumas matérias tiveram um caráter maior de divulgação como os lançamentos em DVD ("Carros"), as novidades nos cinema sem 2007, o sucesso de "High School Musical" na TV, e uma matéria sobre a própria Expo Disney que tende mais ao business-to-business, mas achamos interessante incluir na publicação.

Nem tudo saiu perfeito. Foram três semanas na prática preparando tudo, e mesmo assim não houve tempo para revisões detalhadas de texto e especialmente gráficas em algumas matérias. Não foi possível brincar mais com as imagens e  a diagramação como era o plano original, assim como criar uma versão mais criativa do jornal "A Patada" dos quadrinhos Disney. Mas ainda tivemos a ansiedade pela autorização oficial da Disney, que só chegou dia 24 de novembro, poucos dias antes da entrega. E ainda teve a impressão, que precisava ter papel e cores de alta qualidade.

No fim deu tudo certo. O que posso dizer é que me orgulho desta experiência em recriar uma revista Disney que tanto me fascinava (e ironicamente só possuo mesmo uma edição - a dedicada aos "102 Dálmatas"), e espero que seja o ponto de partida para futuros projetos disneyanos.

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