"Coraline e o Mundo Secreto" conquista a crítica
O filme em animação stop-motion "Coraline e o Mundo Secreto" conquistou a crítica. Segundo o site Rotten Tomatoes já são 88% de críticas positivas ao filme dirigido por Henry Selick. No Brasil a reação não foi diferente. Em geral a produção foi bem recebida. Transcrevo abaixo a crítica de Marco Aurélio Canônico, publicada na Folha de S. Paulo na última sexta-feira.
Visualmente impecável, "Coraline" dilui livro de Gaiman
A trabalhosa técnica de animação em "stop motion" (filmada quadro a quadro, com bonecos e maquetes) vem sendo relegada nos desenhos, principalmente nos longas, desde que a Pixar mostrou o poder do computador. Esse é um dos motivos por que "Coraline e o Mundo Secreto", que estreia hoje e foi filmado com essa técnica, já se destaca de saída.
Graças a seus personagens e cenários que são fisicamente "reais", o filme é visualmente estonteante, seja na versão 3D (a que se assiste com óculos especiais) ou na comum. O estilo sombrio da ambientação e da trama vai parecer familiar a quem conhece o trabalho mais famoso do diretor Henry Selick, "O Estranho Mundo de Jack", feito sob o comando de Tim Burton. Desta vez, o homem por trás da ideia original que Selick adaptou é o inglês Neil Gaiman, autor da famosa HQ "Sandman" e que escreveu o livro "Coraline" para suas duas filhas e o viu tornar-se um sucesso.
Mundo paralelo
A história versa sobre a menina do título, que se muda com seus pais para uma velha casa vitoriana de três andares, com vizinhos meio amalucados. Entediada com a falta do que fazer e com a pouca atenção dos pais, Coraline explora sua nova casa e descobre uma porta secreta, que leva a uma espécie de lado B onde moram clones de seus pais, muito mais atenciosos e alegres do que os originais -só que com botões nos lugares dos olhos.
Inicialmente, a garota se encanta com o novo lar, em que é o centro das atenções, mas não tarda a descobrir que ele vem com uma contrapartida. O roteiro, com ecos das aventuras de outras garotas do cinema (Alice, Dorothy), funciona bem na tela, mas quem leu o livro de Gaiman vai notar que o desenho não tem a mesma classe nem o mesmo impacto -Selick diluiu a prosa para facilitar a digestão do grande público.
Como a maior parte não leu, não há de ser problema grave.